"Há uma garotinha no apartamento em frente que é molestada regularmente pelo pai quando a mãe não está".

Posted: | por Felipe Voigt | Marcadores:
Há uma garotinha no apartamento em frente ao nosso e que é molestada regularmente pelo pai dela quando a mãe não está. Só entendi o que era quando os vi pelo vitrô da cozinha. Quis ir lá, tocar a campainha e esfaqueá-lo. Meu marido me segurou, minha mãe, que é psicologa e conhece o problema, disse pra denunciar anonimamente pois eu tenho filhos e morava defronte. Dias depois, a garota ganhou um cachorrinho e dinheiro do pai. Passou a cooperar com ele e não gritar mais, nem chorar.

Ninguém apareceu para investigar nada. Hoje ela tem 15 anos e faz viagens sozinha com o pai para hotéis distantes. A mãe dela acha o máximo! Isso explica porque existe um monstro como o austríaco que sequestrou e multi-engravidou a propria filha por 20 anos. Ninguém investigou nada.

Não moro mais lá já há alguns meses. Pra dizer a verdade, a mudança de reacendeu em mim a vontade de denunciar de novo. O cara além de tudo é bêbado e violento. A mãe da garota nunca deu um pio à respeito. Fiquei decepcionada com a primeira denuncia não dar em nada e com o fato da coisa ter entrado na categoria de fato consumado. Cheguei a pensar em fazer uma ligação anonima pra diretora da escola da garota, mas desisti. Ele, o pai, sabe que eu sei. O predio todo sabe, e ele sabe disso. E ele se refestela na impunidade.

Fiquei com uma enorme sensação de impotência e medo de que ele atacasse a mim ou minha familia de alguma forma caso eu fosse diretamente dar queixa na delegacia. Me desaconselharam a me meter. Eu não tinha provas e só era testemunha. Minha palavra contra a deles.

Um dia eu encontrei a garota sozinha no elevador, e eu disse pra ela "Se você um dia quiser tocar minha campainha eu abro a porta e te acolho" E ela ficou me olhando como se eu fosse louca.

Fiz questão de reproduzir aqui, à parte, esses comentários feitos em outro texto, pra mostrar como o perigo não está tão longe quanto aparenta.

Não quero falar que foi conivente, já que não me contou o que fez depois para tentar botar esse crápula na cadeia. Mas não dá pra esperar que apenas uma denúncia bote solução no caso. Hoje temos o Ligue 100, por exemplo, que deve ser usado e cobrado. Há ainda as Delegacias da Mulher, que também dão suporte para isso, as Varas de Infância e Juventude, Conselho Tutelar, o Cedeca... Não dá pra aceitar isso acontecendo na porta da frente do seu lar.

Não veja isso como um acordo entre eles. Se ele é violento, elas se sentem ameaçadas. Se você, que está de fora, já se sentiu assim, imagine elas, que estão dentro? Muitos chegam a pensar que é, de fato, um acordo, que ela até esteja gostando, já que sorri e ganha presentes e viaja com ele sozinha. Mas ninguém está ao lado dela na cama na hora de dormir. Ou na hora de sair do banho sem saber o que vai enfrentar dentro da sua própria casa.

Essa "cooperação" dela e da mãe foi feita, certamente, depois de muita violência e ameaça. Sem contar que ela está confusa, não sabe ainda discernir o que é certo ou errado nesse caso, afinal, deve ter crescido com isso, foi "educada" assim. E outro fator muito importante: a culpa! Sim, ela se sente culpada, acha que tudo acontece por causa dela. Entende como é ser prisioneira dentro de suas próprias emoções? É uma adolescente que, apesar do abuso, ainda tenta viver. Tenta sorrir, tenta ser menina-mulher. Mas isso está sendo tolhido por um monstro.

Não fique apenas com esse gosto amargo na boca: vamos agir. Eu ajudo. Me passe por e-mail mais detalhes, me fale sua cidade, vamos pesquisar os promotores, as delegadas, as pessoas que lutam contra esse absurdo com coragem e competência legal.

Ainda dá tempo de poupá-la de mais sofrimentos. É sua responsabilidade moral e humana fazer isso. Não vede os olhos mesmo estando longe geograficamente. E se ainda lhe faltar coragem, faça o seguinte: imagine que seu filho esteja passando por isso. E uma vizinha sua soubesse. Como gostaria que ela agisse? Aja como ela!

11 comentários:

  1. Carol Caran disse...
  2. Se estiver ao meu alcance, ajudo também! No Fórum existe o promotor da infância e juventude ou os psicólogos do judiciário que talvez possam orientá-la. Aja!

  3. Anônimo disse...
  4. Vou conversar de novo sobre isso com meu marido. Vontade de denunciar de novo, de matar o desgraçado do pai dela não me falta. A impunidade e a ousadia do sujeito me enfurecem inclusive, mas minha familia não deseja nenhum envolvimento que seja fora do anonimato.
    Vou procurar saber como isso pode ser feito sem envolvimento pessoal, sem ter q comparecer como testemunha.
    Por acaso vc sabe como é que eles investigam, quando investigam?

  5. Felipe Voigt disse...
  6. Se há um consenso no prédio, se todos "sabem", será menos difícil pra polícia descobrir algo. Procure conversar com uma delegada numa DDM, por exemplo. Vá até lá ou ligue e diga que quer saber como proceder. Mesmo sem aparecer fisicamente, você poderá fazer algo.
    Ao mesmo tempo que temos crápulas e monstros como esse filho da puta por aí, temos muitos homens e mulheres que lutam com veemência.

  7. Anônimo disse...
  8. Nunca liguei pra uma DDM, mas já liguei pra uma DP há três anos atrás e eles me disseram que eu tinha q ir lá pessoalmente fazer a queixa. Isso foi depois da denuncia anonima por telefone que não funcionou. Ninguém em casa achou que eu devia em sã consciencia me expor deste jeito, e estou com isso me roendo até hoje.
    Vou tentar ligar pra uma DDM e ver o que dá pra fazer sem me envolver pessoalmente. Se tiver novidades posto aqui nos comentarios ok?
    Muito obrigada pela ajuda! abs!

  9. Felipe Voigt disse...
  10. Ok, espero novidades... Mas, mesmo assim, peço que confie em mim e me conte mais detalhes por e-mail.

  11. Bruna Salis disse...
  12. Também estou disponível para ajudar no que for preciso. Pense no horror que essa menina e essa mãe passam diariamente.
    Isso não pode continuar.
    Sugiro o telefone 100. As denúncias são acolhidas com o anonimato garantido e de fato são checadas.

  13. Anônimo disse...
  14. Bem, aqui vai o update no caso. Tirei a tarde pra isso hoje.
    Disquei primeiro o 100 onde esperei um tempo enorme até ser atendida. Foi a mesma conversa da outra vez. Ninguém soube me explicar qual o procedimento do orgão competente e nem qual era o dito cujo, só que eles lá encaminhavam as queixas e pronto, nada mais. Isto posto, entendi que a minha primeira queixa deve ter ficado numa pilha de papéis do orgão competente pra sempre. Não iria repetir o fracasso. Então pedi o numero da Delegacia de Proteção à criança e adolescente pra discar eu mesma. Me passaram o numero errado. Então liguei para uma das delegacias da mulher e lá me orientaram a ligar para a Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente Vítima onde, simplesmente ninguém atende em dois numeros de telefone diferentes.
    Mais uma coisa,não acho que a mãe esteja passando por horror nenhum viu Bruninha, e infelizmente se tem alguém ali conivente é ela.
    Sobre ser ou não conivente com o abusador quando não se denuncia o caso, é precipitado fazer julgamentos de valor nesse sentido sem conhecer os detalhes do caso. Principalmente porque cada caso é diferente e pimenta nos olhos dos outros não arde.
    Agora sim, estou chegando à conclusão de que falar nisso com gente ausente do caso é inocência minha. Venham calçar os nossos sapatos aqui e andem com eles pelas suas regras, e ai sim façam jugamentos.
    Não vou desistir do caso, mas procurar uma maneira de denuncia anonima que realmente funcione.
    Até lá, espero que meu depoimento mostre que parece mais fácil do que realmente é fazer este tipo de denuncia, mesmo quando se deseja ardentemente fazê-lo.
    Como a intenção foi intrinsecamente boa, obrigada pelo espaço Ogro! Até mais!

  15. Carol Viana disse...
  16. Eu acredito que nenhuma das duas posições seja confortável... a do denunciante e a da menina.
    Isso tudo é de um horro sem tamanho...
    Deve haver alguma forma de essa denúncia ser atentida a contento.
    Tomara que apareça uma forma efetiva de ajudar. Já que não tenho meios para isso, espero que surja alguma luz nesse caso.

  17. Giovani Iemini disse...
  18. bem,
    conheço alguém que pode dar um jeito: www.maobranca.bardoescritor.net

    hehehe.

    []s

  19. Sueuda disse...
  20. E quem disse que ajudar o outro requer facilidade? Minha gente são anos sabendo que os gritos foram transformados em gemidos. As pessoas não querem dar a cara a bufete, mas na maioria das vezes temos que nos expor para ajudar o outro. Você tinha medo de ter que se mudar para ter paz depois da denuncia feita? Mas mudar-se dalí foi um processo natural, mesmo tendo acontecido 15 anos depois. Eu até entenderia alguns meses de tentativas, mas anos? Minha querida a mais de 15 loooongos anos essa jovem é abusada sexualmente em um espaço que deveria ser de proteção. Falo isso, não por demagogia, mas porque vc esta lendo a fala de uma pessoa que não se omite. Que já vi o ódio no olhar de muitos homens e mulheres por ter denunciado espaços onde crianças viviam em um verdadeiro inferno. Faço isso pq as pessoas se omitiram, na minha infância, de denunciar meu pai, por bater em minha mãe e tentar bater na gente por mais de 22 anos. Eu não deixo isso acontecer em outro lugar. Não mesmo. Agora eu lhe pergunto, que tipo de exemplo você deu a seus filhos? Será que se um fosse abusado, vc ficaria em silêncio para poupar a vida dos outros? Ficaria? Isso não é demagogia, isso é Fato. DENCUNCIE. Quando você diz que a criança ficou olhando pra vc, como se não entendesse nada, é pq ela não entendia nada. Era uma criança e foi subornada por alguém em quem ela confiava. E como em longos anos nunca ouviu ninguém dizer que aquilo era errado, nem a mãe, vc imagina que ela ía pensar o quê de você? Uma estranha, que nunca a ajudou em nada, nem quando ela gritava...Se coloque no lugar daquela criança, querida. Agora me faça um favor...DENUNCIE!!!!

  21. Unknown disse...
  22. Pode ter certeza,mesmo que ele eacape da puniçao do homem,na justiça de Deus ele vai pagar caro..Esse monstro.e. mae tambem vagabunda e monstra

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