Por que as pessoas são tão cruéis com mulheres gordas?

Posted: | por Felipe Voigt | Marcadores:
Por que acha que as pessoas são tão cruéis com mulheres gordas?

Pregou-se, nas últimas décadas, a cultura da estética magra e atlética. E aqueles que estão fora dessa cultura soam como destoantes. E esses que pensam com os olhos da maioria são aqueles que apontam o dedo em direção ao que é diferente do seu grupo "majoritário".

Para esses acabrestados morais, alguém esteticamente diferente lhe parece alguém relaxado, que não se importa muito em impor sua presença pelo físico. No fundo, é um projetor de lamentações: gostariam de não ceder tanto à pressão, mas não conseguem.

E, com isso, ignoram o fato de que a maioria que não se enquadra no seu projeto físico ideal não o fazem não por vontade própria ou por falta de vontade: não o fazem por não poderem, mesmo.
E tem a questão do berço: quando criança, se chamamos algum amigo de "gordinho", logo vem um adulto nos recriminar por ter falando tal "ofensa". Pode ver que ninguém recrimina uma criança que chama a outra de "loirinho", por exemplo.

Aí crescemos sabendo que ser gordinho é ruim e que chamar alguém assim é errado. Portanto, quando queremos ofender alguém, logo nos lembramos disso e repetimos para ofender, de fato. São esses boçais que repetem coisas esdrúxulas do tipo: "toda gordinha tem obrigação de ser legal", como se isso fosse a única coisa que lhe restasse de bom. Mas são justamente esses os primeiros que choram quando a "boazuda" é esnobe e o ignora solenemente.

Talvez eu não seja a pessoa ideal pra criticar alguém por causa da sua opinião estética: eu tenho preconceito contra os sarados bombados que só pensam em malhar o corpo e esquecem-se de malhar o já atrofiado caráter.

7 comentários:

  1. Caru disse...
  2. IDEM: "eu tenho preconceito contra os sarados bombados que só pensam em malhar o corpo e esquecem-se de malhar o já atrofiado caráter."

    Sempre que vejo um sarado bombado, eu já imagino quantas horas ele passou malhando que poderia ter passado lendo um livro... rs

  3. Evelyn Paparelli disse...
  4. Concordo, a classe das "gordinhas" é sempre atacada injustamente. E com certeza, prefiro um cara barrigudo com brain do que um saradão vazio! Te aplaudi de pé meu caro, e nao é por que eu seja gordinha, nao me importo.

  5. Carol Viana disse...
  6. AH, a insuportável intolerância ao diferente dos padrões...tsc, tsc, tsc.
    Pena de quem só enxerga beleza no óbvio...
    Não é só por ter histórico de frustrações e coisas tristes q aconteceram por ser "a gordinha"... parece drama, mas é cada uma que se escuta, que... olha, vou te contar... sempre tem uma conotação de ridículo, pejorativo e a realidade não é bem essa...
    Sabe o que falta pra essas pessoas?
    Conseguir enxergar o belo que existe fora do óbvio... valorizar o gosto pessoal e não o padrão vigente..afinal, beleza é algo tão subjetivo.
    Enxergar beleza num sorriso, num olhar intenso... em formas exóticas, em inteligência atrativa, esperteza charmosa, carisma devastador...
    Bom, mas isso é exigir demais de quem só pensa em tornear os músculos e não exercita nem um pouco a tolerância, a inteligência e o sex appeal da bagagem pessoal...
    Porque querido(a) magro(a)... vc pode não engordar nunca, mas quer saber? Vai envelhecer...
    E isso é algo inexorável a todos nós.. magros, gordos, negros, amarelos, brancos, heteros, homossexuais, etc... reflita!

  7. Alcione Ribeiro disse...
  8. Excelente texto Sr. Ogro!

    Sou totalmente contra as opiniões discriminatórias, sejam quais forem. Mas de modo especial sobre o(a) gordo(a), não só porque me enquandro nesse perfil, mas porque acho extremamente ridículo e de total ignorância, uma pessoa ser julgada, apontada como relapsa ou mal amada, só porque está acima do peso.

    Sim, essa cultura estúpida vem de berço e com isso crescemos acreditando que, todo(a) gordo(a) é um coitado(a) que não tem amor próprio e só pensa em comida.

    Não foi à toa que criei um blog voltado para este público rechonchudo, que tem muito mais conteúdo e outras tantas qualidades a oferecer.

    Se me permite, gostaria de citar este texto no meu blog, é possível?

    Conheça o blog www.poderosasgordinhas.com

    Aguardo seu contato.

    Bjs da gorda!

  9. Patricia disse...
  10. Em criança era bem gordinha, mas como era a melhor aluna, ninguem da classe me chamava de gorda ou zuava de qualquer jeito, porque uma coisa é zuar uma criança gordinha que parece fragil e abatida outra é zuar a menina do 1º lugar em todas as categorias cognitivas. Sempre podemos compensar. Ao contrário das outras crianças, eu usava minha condição fisica como motivo para ser a primeira da classe. E sempre consegui, muitos dos que riam hoje choram. Portanto, sorrir é ser superior aos infelizes que só se sentem bem rebaixando.

  11. Carol Capuano disse...
  12. Este comentário foi removido pelo autor.
  13. Taty Izquierdo disse...
  14. Eu fiquei quase uma hora olhando pra essa caixa de comentário pelo simples motivo de que, na minha vida, inconscientemente deletei um passado que me fez mal. Há 6 anos atrás eu era o esteriótipo da 'gorda legal'. Pesava 130kg, usava manequim 54 e me sujeitava a passar por situações para ser 'aceita' na rodinha de amigos.
    Me sujeitei a não ser eu mesma pra poder estar com pessoas. Era discriminada por ser gorda, por não estar dentro de um padrão imposto pela sociedade. Não iria nunca entrar na minha carreira sendo gorda, não sendo aceita pelo preconceito inútil das pessoas. O preconceito veio de todos os lados, dada as devidas proporções: escutei na rodinha de amigas da faculdade que 'não era pra chamar a Taty porque ela queimaria o filme'. Escutei de empregadores que eu não seria contratada porque não tinha perfil visual para a vaga. Escutei de homens que me relacionei que eu deveria agradecer por estar ali, na presença dele, porque, para uma gorda, estava de bom tamanho (e olha, nem foi uma foda tão boa assim, mas pra época, não tinha parâmetros...)
    Hoje, tenho 69 kilos e uma vida nova. Eu não mudei a minha maneira de pensar, eu não mudei as minhas atitudes, eu apenas emagreci. Mas, para a sociedade em um geral, eu agora sou parte dela. E, infelizmente, o preconceito existe. Pessoas que me rejeitaram no passado me procuraram com o discurso: 'viu só como foi bem melhor pra você emagrecer?'. Sim, sou muito bom pra mim em questões de saúde e condições físicas. Mas, quer uma dica: seria muito melhor pra você não viver dentro de um pré-conceito de que 'gordo não é feliz'. Pense nisso.

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